- falamoitinho
NAS ASAS DA POESIA DE MAGALI RIBEIRO
As poesias a seguir são obras de arte das palavras, tecidas perfeitamente, fluindo como o rio a correr lentamente por seu leito pacato... A poeta que encanta alma, nos faz suspirar como o cantar de passarinho, desce fundo para o coração, enternecendo o espírito com suaves lições, dos nossos olhos tiram águas sem doer...

MINHA ALMA É VERSO
Magali Ribeiro
A minha alma segue em voo livre,
na direção do mar.
Se assemelha aos golfinhos
Pulando alegres no ar.
Escorre pela natureza,
Se alimenta da beleza
e faz o tempo parar
Tem o tamanho do infinito,
não suporta a injustiça
e nem tolera o grito,
não sabe se conformar.
Assumo, que ela segue encanta,
por um resto de ninho,
um canto de passarinho,
pelo nascer da alvorada.
Ela namora a eternidade,
solve as cores dos jardins,
se move em esperança
guarda somente a lembrança
dos tempos de querubim.
Dança a música do dia,
celebra a harmonia
que faz mover o universo.
Minha alma é alegria,
minha alma é poesia.
A minha alma é verso!

EU VEJO
Magali Ribeiro
Não pensem que não estou vendo!
Minha alma menina,
recém inaugurada de eternidade,
tem olhos espertos, treinados, abertos.
Eles sondam o profundo da noite,
enxergam a violência velada,
ouvem gritos abafados
ruídos disfarçados
dos que não podem dizer nada.
Acompanham os bêbados,
errantes na madrugada sofrida
veem a estampa da dor,
como marca indelével
no rosto dos quem nada tem,
Presenciam Maria, Pedro, João
sentem o grosso de suas mãos,
gastas construídos seus nadas.
Percebem a insaciável ganância
tragando a realidade,
selando destinos e sortes,
anulando futuros,
prescrevendo endereços para a morte.
Percebem o quanto é forte
a cadeia do horror.
Oferecem o presente generoso do silêncio,
escutam a sua sabedoria.
Mas o silêncio grita!
e nas entranhas da alma
vai forjando consciência,
presença de mundo,
sondagem de tempo.
Ah tempo!
Quanta falta me fazes.
Meus olhos queriam revirar mundo,
conhecer tudo,
ver mais.
Conhecer o riso agudo
de quem só sabe chorar,
o brilho da dama da noite,
que desabrocha em sombras,
se veste de beleza branca,
para ser vista na sombra da noite,
apenas por olhos atentos,
pois ela não tem um lugar ao sol.
Gentes como damas da noite,
também não podem nele se aquecer,
suas vidas se processam no vácuo,
no vazio de todas as coisas,
na falta até do sentido da falta.
Meus olhos sabem ver as gentes
e seus segredos,
indagam as sombras de seus medos,
medem o fosso que se lhes vai na alma,
compartilham seus segredos.
Não pensem que não vejo,
não pensem que não sinto.
Não achem que não tenho medo!